O RGB Entrevista número quatro, desta nova edição, será com a coordenadora do Comitê de Desenvolvimento Sustentável da Rede Governança Brasil (RGB), Renata Andrade. Além deste trabalho (que é feito de forma voluntária), ela também é assessora parlamentar do Senado Federal, é assessora honorária de Relações Internacionais da Câmara de Comércio de El Salvador, é auditora internacional ambiental, perita judicial ambiental, especialista em Direito Ambiental, especialista em docência de nível superior e co-autora da Cartilha de Governança Climática Para Municípios Brasileiros.
RGB - Você é especialista em Direito Ambiental, certo? Como surgiu esta paixão? Quando foi que você identificou essa afinidade com o assunto e decidiu estudar e se aprofundar mais a respeito? Conte como foi esta trajetória acadêmica até hoje, por favor.
RA - Correto, sou especialista em Direito Ambiental. Desde a época da infância já gostava de ter contato com a natureza, com os animais. Na escola, sempre fui uma ótima aluna em biologia e, na época de faculdade, até pensei em fazer um curso mais aprofundado em Ciências Biológicas; mas, também gostava de estudar as leis, gostava do direito.… e resolvi fazer Ciências Jurídicas. Mas, quando acabei a faculdade, ainda senti vontade de me aproximar mais da área ambiental, que era minha paixão. Foi quando resolvi fazer a primeira pós graduação em Direito Ambiental, e foi muito gratificante estudar a legislação como forma de proteger o meio ambiente em que vivemos.
RGB - O desenvolvimento sustentável se apoia em três princípios básicos: o ambiental, o econômico e o social. Diante disso, as Nações Unidas propuseram a chamada Agenda 2030. Comente sobre este plano de ações que estabelece 17 objetivos a serem cumpridos pelos países-membros até o ano de 2030 para se atingir o desenvolvimento sustentável, por favor.
RA - A Agenda 2030 é um plano de ação que além dos 17 ODS, possui 169 metas para sensibilizar órgãos públicos e privados, empresas, sociedade civil e todos os atores que são co-responsáveis para redução das desigualdades sociais, preservação de recursos naturais e desenvolvimento econômico sustentável. Os 17 objetivos da ONU são desafiadores, porém, imprescindíveis para transformar o desenvolvimento sustentável como o pilar para um planeta sustentável, corroborando para que ESG seja não só uma tendência… mas seja efetivo e eficiente em sua aplicabilidade na agenda 2030, assinada em 2015 pelos 193 Estados Membros da ONU. Ainda restam 7 anos de luta para conscientização da urgência de implementação de políticas públicas sustentáveis em nível global.
RGB - A cartilha “Agenda de governança climática para os municípios brasileiros: primeiros aportes do Comitê de Desenvolvimento Sustentável da Rede Governança Brasil”, feita por um grupo seleto de especialistas, onde você é co-autora, já está disponível, gratuitamente, na estande digital, no site da RGB. Para quem ainda não viu, não leu, ainda não baixou, explica melhor: essa cartilha é direcionada para quem e trata sobre o quê?
RA - A cartilha foi direcionada para os municípios brasileiros, mas pode ser aproveitada para toda a administração pública, trata-se do tema de governança climática, e como é relevante a adoção de políticas públicas municipais para minimizar os efeitos climáticos que impactam negativamente o município. Ela é direcionada aos gestores públicos municipais. Os principais temas abordados falam dos desafios da governança para os municípios, dos mecanismos de implementação, das boas práticas, do financiamento da governança climática e da agenda do futuro.
RGB - Qual é a importância de uma cartilha como esta?
RA - As mudanças climáticas têm sido debatidas mundialmente pelos impactos gerados em todos os níveis de condição de vida existente no planeta (humana, vegetal, animal) que desestabilizam todo o ecossistema, e a cartilha surge como incentivo na adoção da governança como mecanismo de controle e conscientização para aplicabilidade imediata pelos gestores em políticas públicas que sejam eficientes.
RGB - Comente, com as suas palavras, a seguinte frase: “os gestores municipais precisam convergir o quanto antes para o alvo do desenvolvimento sustentável, formulando políticas públicas e empreendendo modelos de negócios com a responsabilidade socioambiental de deixar o legado da sobrevivência digna para as futuras gerações”.
RA - Os gestores públicos municipais que criarem e implementarem políticas públicas de desenvolvimento sustentável em seus municípios, além de estarem alinhados aos 17 ODS e a Agenda 2030, podem promover a economia verde, reduzir os custos e os resíduos gerados, transformando-os em renda revertida ao próprio município, através da reciclagem e de compras sustentáveis, preservando os recursos naturais, podem transformar seu município em "cidade inteligente", que além de melhorar os investimentos e incentivos econômicos, melhoram a qualidade de vida das futuras gerações que é premissa do artigo 225 do Código Ambiental Brasileiro.
RGB - Dê exemplos de novas tendências de práticas sustentáveis que podem transformar o mundo, por gentileza. Se possível, fale um pouco sobre consumo consciente, sobre a instalação de meios de geração de energia de fontes renováveis, como o emprego de energia solar, por exemplo.
RA - Uma tendência de prática ambiental que traz vantagens econômicas e sustentáveis, não só para a natureza, mas ao ser humano, é a implementação da energia solar fotovoltáica em suas residências, que além de gerar economia e redução no valor da conta, gera energia limpa sem agredir o meio ambiente. Outra boa prática é o consumo consciente, que além de estimular a redução de gastos não necessários, reduz a produção de resíduos e diminuição de lixo.
RGB - Por qual motivo o desenvolvimento sustentável se tornou algo prioritário na sua vida?
RA - Porque é impossível ter atitudes sem pensar no amanhã, todas as nossas ações terão impactos futuramente, e esses impactos podem ser positivos ou não, dependendo das consequências que nossas atitudes gerarão. Agir de forma sustentável é garantir qualidade de vida, saúde, respeitando a biodiversidade e os recursos naturais.
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